Investimentos

Dividendos geram mais dinheiro? 

Nos últimos anos, um dos assuntos que mais ganhou tração foi o de geração de dividendos de forma recorrente. Mas será que essa é a melhor estratégia a ser seguida? 

No Brasil, o maior nome sobre geração de dividendos, sem dúvida é o de Luiz Barsi Filho. Em podcasts recentes, abriu o jogo sobre seus recebimentos: mais de R$ 1mi por dia. 

O problema disso tudo é que as pessoas começam a trilhar seus passos, mas sem estarem dispostas a fazer como ele faz. 

Ver os dividendos “pingando” na conta pode ser interessante no começo, mas por muitos, é visto como uma vertente de ego, pois é utilizado como métrica de sucesso: 

“Recebo X mil reais de dividendos por mês e você?” 

Como se, de fato, ter uma torneira aberta fosse sinônimo de sucesso. 

Nessa linha, existe uma frase da Luciana Seabra que diz algo parecido com isso:

“Se eu estou com sede, abro a torneira de uma vez, encho o copo, e fecho a torneira. Não preciso deixar ela pingando durante dias, sem que haja um motivo.“

Mas existem coisas mais profundas a serem abordadas, como por exemplo, a compulsividade do investidor em aumentar seus dividendos a todo custo e deformar seu Asset Allocation (estratégia de alocação), causando uma superexposição em ativos de risco e tirando-o do que seria sua aceitação às oscilações do mercado. 

O exemplo acima, infelizmente, só é percebido em cenários, seja de stress do mercado, como crises, seja de mudanças abruptas, como o nascimento de um filho ou um problema de saúde. E ao buscar desfazer parte das posições, percebe-se não haver tanta liquidez quanto necessário e, às vezes, como foi no cenário Covid-19, os ativos estão com uma desvalorização muito grande. 

Além disso, conforme o valor dos dividendos vai aumentando, uma nova variável aparece: a tentação de gastá-lo. 

É “fácil” reinvestir os dividendos quando eles pingam 50, 60, 100 reais por mês. Mas com o tempo, conforme passa a pingar 1.500, 2.000 reais mensais, sobretudo o médico começa pensar:  

“Meu dinheiro está pagando 2 plantões por mês; então vou desacelerar…“

Isso tudo com 38 anos. No auge da forma física, de saúde e de energia. 

O investidor começa a consumir, mesmo sem perceber, o patrimônio que seria usado para construir mais milhares (ou até milhões) de patrimônio no futuro, e seria utilizado, naquele momento, para suprir um padrão de vida mais confortável. 

Normalmente as pessoas percebem, mas demoram alguns bons anos para perceber a besteira que estão fazendo dessa forma. O meu papel é te alertar sobre esse possível problema. 

Enquanto tiver saúde, estiver bem e no seu melhor momento: trabalhe. 

Deixe seus investimentos reinvestirem de forma automática os seus dividendos. Afinal, é essa a obrigação (e o que acontece na prática) quando você investe através de um fundo de investimentos. Aporte com consistência e fomente o aumento dessa sua máquina. 

O impacto de você ganhar mais dinheiro trabalhando, para investir mais ao longo do tempo é o que te fará ganhar mais dinheiro nessa jornada. 

E lá na frente, quando for necessário, e você precisar desacelerar, pode ser feita essa alteração de estratégia para que sejam gerados dividendos o suficiente para você viver confortavelmente, em algum país de escolha, seja na praia ou no campo. 

Com esse foco e essa visão, você para de antecipar uma vida que não deveria estar antecipando e essa parte do futuro deixa de ser um sonho e se torna realidade. 

Nos vemos no próximo mês!